Projeto fotográfico Eu, gorda

Como de costume, sete de setembro é a data em que celebramos a independência do país. Dessa vez a data foi um marco além na minha vida: celebrei também a minha independência como mulher, uma mulher gorda.

Neste feriado eu e mais seis meninas, de diferentes regiões de São Paulo, desembarcamos em Tremembé para sermos fotografadas sob o Olhar de Paulina. Milena Paulina, de 22 anos, é quem criou o projeto fotográfico “Eu, gorda” para retratar a beleza e poesia que enxergava em cada uma daquelas mulheres.

“Ano passado, senti que o sentido da fotografia na minha vida, seria focar em algo que sou, conheço e posso usar para passar uma mensagem pro mundo: a minha realidade de mulher gorda. Tentar ao máximo me conectar com outras mulheres que passaram pelas mesmas coisas que eu e além. Fazer com que essas mulheres se conectem a outras e juntas, passarmos uma mensagem pra quem precise ouvi-la.”

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O ensaio foi realizado em um loft bem amplo, de janelas grandes e parede de tijolinhos, ou seja, ganhou o meu coração apaixonado por decoração. ❤

Começamos uma roda de conversa, onde cada menina contava um pouco sobre um pouco sobre si. Esse momento é sem dúvidas um grande diferencial nesse projeto pois ali você conhece a vivência de cada menina e se identifica com um pouco de cada história. É o momento que você se conecta com aquele movimento e percebe que não está sozinha!

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Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa extremamente ansiosa e antes mesmo de combinar os detalhes do ensaio com a Mi, eu já estava super “nervosa” aguardando o grande dia. O resultado da minha ansiedade foi “fazer a exorcista” e passar mal o dia inteiro de tanto nervoso, chegando até a pensar que nem iria conseguir tirar as fotos. Fora a minha mãe, eu nunca tinha passado mal na frente de outras pessoas e as meninas foram muito maravilhosas comigo, tanto é que consegui melhorar no finalzinho da tarde.

“Quem me vê assim plena na janela nem imagina que eu vomitei o dia todinho de tanta ansiedade pelo dia de hoje!”

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Neste sete de setembro eu terminei de quebrar os padrões que ainda habitavam em mim pois sempre achei que nunca iria ter coragem de ser fotografada sem a blusa. Minha gratidão eterna à Milena e cada uma das meninas que participaram desse ensaio coletivo: Ana, Bárbara, Kika, Lu, Melina e Tamires. Vou guardar esse dia e cada uma dessas fotos com muito amor. ❤

Mais informações sobre os próximos ensaios no INSTAGRAM e no FACEBOOK da Mi.

O melhor presente que ganhei aos 18 anos

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Faz alguns meses que fiz um desabafo aqui no blog sobre minha crise dos vinte e minhas expectativas para a vida pós 18 anos. O fato é que nem tudo são flores como a gente imagina que seria após a adolescência, tenho certeza que você achava que a sua vida seria uma completa liberdade onde você seria a estrela do próximo “Curtindo a vida adoidado” hahaha

Algo em especial mudou na minha vida depois que completei 18 anos e que se você me contasse isso antes, talvez eu duvidasse de você.

A minha vida inteira eu fui diferente e me sentia completamente diferente das outras meninas da escola. Para a minha tristeza essa diferença era tão nítida para os outros alunos que eu era excluída, motivo de piadas e perseguição.

Durante toda a minha vida eu achei que eu teria que mudar para me encaixar, ser aceita e dar um basta naquele sofrimento cotidiano. Ser diferente dói muito pois as pessoas que ainda não sabem lidar com as diferenças acham que elas estão certas e são o padrão a ser seguido e o diferente é que precisa mudar e se tornar “normal”.

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Após os meus 18 anos eu continuei sendo diferente mas algo realmente mudou dentro de mim: eu não me importava mais em ser diferente e toda a diferença que existe dentro de mim é aquilo que me torna uma pessoa única no mundo, então passei a me valorizar como pessoa e como mulher. Passei a enxergar as minhas qualidades bem mais nítidas do que qualquer “defeitinho” sequer.

A partir desse momento que troquei o “óculos” e me olhei como a Mariana da adolescência nunca tinha se visto antes: abriu-se um novo caminho na minha vida, completamente blindado a qualquer padrão que queira se impor.

Obrigada 18!

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Fotos: Milena Paulina | Olhar de Paulina