O melhor presente que ganhei aos 18 anos

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Faz alguns meses que fiz um desabafo aqui no blog sobre minha crise dos vinte e minhas expectativas para a vida pós 18 anos. O fato é que nem tudo são flores como a gente imagina que seria após a adolescência, tenho certeza que você achava que a sua vida seria uma completa liberdade onde você seria a estrela do próximo “Curtindo a vida adoidado” hahaha

Algo em especial mudou na minha vida depois que completei 18 anos e que se você me contasse isso antes, talvez eu duvidasse de você.

A minha vida inteira eu fui diferente e me sentia completamente diferente das outras meninas da escola. Para a minha tristeza essa diferença era tão nítida para os outros alunos que eu era excluída, motivo de piadas e perseguição.

Durante toda a minha vida eu achei que eu teria que mudar para me encaixar, ser aceita e dar um basta naquele sofrimento cotidiano. Ser diferente dói muito pois as pessoas que ainda não sabem lidar com as diferenças acham que elas estão certas e são o padrão a ser seguido e o diferente é que precisa mudar e se tornar “normal”.

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Após os meus 18 anos eu continuei sendo diferente mas algo realmente mudou dentro de mim: eu não me importava mais em ser diferente e toda a diferença que existe dentro de mim é aquilo que me torna uma pessoa única no mundo, então passei a me valorizar como pessoa e como mulher. Passei a enxergar as minhas qualidades bem mais nítidas do que qualquer “defeitinho” sequer.

A partir desse momento que troquei o “óculos” e me olhei como a Mariana da adolescência nunca tinha se visto antes: abriu-se um novo caminho na minha vida, completamente blindado a qualquer padrão que queira se impor.

Obrigada 18!

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Fotos: Milena Paulina | Olhar de Paulina

Parabéns Bernô, mas cadê o metrô?

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Nesse domingo chuvoso, de frio e neblina que a terra da garoa fina completa seus 464 anos.

Sou paulista mas meu coração é batateiro. São Bernardo é a cidade que me acolheu desde os sete anos de idade. Se tem algo que eu amava e sinto falta todos os dias da minha vida é sair da escola e poder bater perna na Marechal: fazer o caminho mais longo para, além de evitar as enormes ladeiras, poder ouvir durante o trajeto os incontáveis “dá uma olhadinha, moça?” e o “deeeentista jovem”.

É sem dúvidas um dos lugares que eu mais amo e odeio ao mesmo tempo. Quando eu digo isso, eu falo por bem. Vejo aqui um enorme potencial, não é a toa que concentramos grandes empresas automobilísticas aqui e que a cidade se tornou esse grande polo industrial. Mas é triste ver uma cidade tão grande e bonita continuar sem estruturas, sem evolução.

Além de não contar com nenhuma estação de trem ou metrô, como as outras cidades do ABC possui, nossas linhas municipais e intermunicipais são ainda mal estruturadas e muito caras.

Há bairros com muitas linhas de ônibus e há bairros que se quer existe ônibus. Às vezes até existe UMA ÚNICA LINHA e você fica no ponto por mais de uma hora e quando o dito cujo passa não há condições nem de entrar pela porta. Isso me acontece durante anos e é revoltante, cansativo.

Mais cansativo ainda, é ter que pegar um total de OITO CONDUÇÕES para trabalhar todos os dias pois a vida de todo São Bernardense é ter que pegar no mínimo duas conduções: um ônibus do seu bairro até o centro e um outro ônibus do centro para seguir em diante ao seu destino, que no meu caso é Higienópolis (São Paulo) onde eu trabalho –  então acabo pegando ainda mais duas conduções.

O fato é que são pouquíssimos os bairros em São Bernardo que contam com o privilégio das linhas intermunicipais e o atendimento das linhas municipais não deve ser atualizado por anos: os bairros se expandem, os condomínios mais cheios de apartamentos e as linhas de ônibus continuam estacionadas na garagem.

Meu bairro é enorme: possui duas grandes comunidades e uma rua cheias de condomínios. Meu condomínio possui 21 blocos, cada bloco 15 andares e cada andar 8 apartamentos. Só aqui temos uma população quase de uma cidade e nesse final de ano vão entregar mais 6 blocos aqui no condomínio. Além disso foi inaugurado um Shopping aqui próximo do meu bairro.  Adivinha quantas linhas de ônibus nós temos aqui?

É bem desesperador ver a tarifa do ônibus custar R$ 4,20 e você não enxergar melhorias, nenhuma palha ser movida em benefício dos habitantes.

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No começo desse ano eu postei nas minhas redes sociais “A vida é muito curta para morar em SBC”. Desde que me mudei pra cá vejo os grandes problemas que a cidade enfrenta com as enchentes. Foi feita uma enorme campanha, o tal do “Projeto Drenar” e com ele inúmeras promessas e uma obra interminável. As chuvas do começo desse ano foram desesperadoras e por dois dias eu não conseguia voltar pra casa de nenhuma maneira. Vendo pelo caminho várias pessoas completamente ilhadas, com suas casas e comércios cheios de água e seus carros “boiando” pelas ruas.

O meu maior desejo para São Bernardo coincide com a palavra escrita no ônibus que me trás para casa todos os dias e a palavra que levo comigo marcada no corpo: São Bernardo, eu te desejo ESPERANÇA!

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Desabafo & Crise dos 20

Infelizmente eu ando tendo várias crises em relação a minha vida pois sempre acho que eu devia estar fazendo melhor, me dedicando mais e sempre acho que estou atrasada e perdendo tempo. Antes de fazer 18 anos eu tinha várias expectativas em relação a “minha vida pós 18” e nenhuma delas eu consegui atingir até hoje. Isso me frustrou uma cobrança enorme e que quando eu enxergo o futuro eu só consigo me “aliviar” pensando em como eu vou quitar essas dívidas comigo mesma, dívidas que eu mesma criei. Isso é muito sufocante.
Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa super ansiosa e como eu costumo dizer: bem desesperada. Eu entro em pânico cada vez que alguém me cobra uma visita, uma atenção ou questiona sobre a minha vida e o futuro dela. Eu sempre acho que não estou sendo suficiente e que talvez eu nunca seja suficiente.
Me apegar a essa expectativa que eu criei sobre o meu futuro era algo que me motivava e que me servia de impulso. Hoje eu sinto que toda essa cobrança está me afundando…

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